Por Redação Cavalus6
Conheça alguns exemplos de homenagens e reflita também sobre a falha do rodeio brasileiro na hora de eternizar os heróis que nos deixaram
A etapa da divisão principal da Professional Bull Riders em Saint Louis, no estado do Missouri, em fevereiro, foi nomeada Mason Lowe Memorial, em referência ao atleta falecido recentemente. O evento já estava agendado antes da morte de Lowe e é um dos mais tradicionais do calendário da PBR. Mas ganhou novo nome após o acidente que vitimou o competidor no dia 15 de janeiro em Denver, no Colorado.
E a escolha de Saint Louis para esta homenagem não foi por acaso. Além de ser o evento no fim de semana de um mês da morte do atleta, é realizado em seu estado natal, o Missouri. St Louis fica cerca de quatro horas da cidade em que Mason Lowe nasceu. Das diversas homenagens que foram prestadas ao competidor, a troca do nome do evento, que geralmente leva o título de algum patrocinador, foi a mais simbólica.
Mais um grande exemplo dos norte-americanos, nos deixando a pergunta: será que sabemos como ‘eternizar’ nossos heróis? Vou citar alguns poucos exemplos para ajudar a todos refletirem que no Brasil há comoção e homenagens quando ocorre uma grande perda nas arenas – o que é totalmente válido – mas nada é feito depois para eternizar nossas lendas.
Sem homenagens simbólicas, como é o caso de nomear algo que permanecerá em evidência por muito tempo, as chances de fazer essas pessoas serem conhecidas pelas gerações futuras também são menores. E é aí que o rodeio brasileiro deixa a desejar. Se você não gosta das comparações entre Brasil e Estados Unidos, nem continua a leitura, pois este texto foi feito exatamente para isto.
Nos Estados Unidos há o George Paul Memorial, evento idealizado pela família do campeão mundial George Paul, morto em 1970. Ele se tornou o primeiro evento profissional somente com a realização de Montaria em Touros. É o mais famoso e tradicional evento em homenagem a um competidor. Mas há diversos outros, inclusive em modalidades como Laço e Três Tambores.
Outra forma de homenagem por lá são os troféus ou prêmios, que carregam simbolicamente o nome de figuras importantes para o rodeio. Como o Guy Weadick Award, concedido pelo Calgary Stampede, e o Linderman Award, prêmio dado pela Professional Rodeo Cowboys Association.
A própria PBR tem diversos exemplos. O melhor canadense de cada temporada do campeonato mundial recebe o Glen Keeley Award. Nome do competidor morto em 1999 após um acidente em uma etapa da primeira divisão.
O competidor que obter a maior nota da PBR World Finals a cada ano também recebe a fivela do Frost/Thurman Award. Homenagem a lenda Lane Frost e a Brent Thurman, um dos fundadores da PBR e que faleceu em 1994 no primeiro ano da realização do campeonato.
Após a criação do evento Heroes & Legend, realizado anualmente juntamente com a Final Mundial em Las Vegas, a PBR criou prêmios para homens e mulheres que prestam serviços relevantes a história do rodeio. Foram nomeados de Jim Shoulders Award e Sharon Shoulders Award.
No ano passado, foi lançado mais um com uma categoria parecida, homenageando ainda em vida o lendário Ty Murray, com a criação do Ty Murray Award.
No Brasil, tantos esportes seguem este padrão, criando troféus referentes a uma determinada fase de um campeonato, um evento ou até mesmo o troféu dado aos campeões, homenageando alguma figura relevante a tal esporte.
Mas no rodeio não há qualquer registro de algo semelhante ainda. Infelizmente nomes relevantes não faltam, já nos despedimos de grandes lendas e que poderiam nomear simbolicamente títulos em eventos e campeonatos. Como exemplo: não seria uma honra para o atleta revelação da PBR Brazil ao invés de ganhar a fivela de ‘Novato do Ano’, ser condecorado com o ‘Prêmio Giliard Antônio’?
Há tantos outros. Fica a reflexão!
Por Abner Henrique
Publicitário, produtor de eventos, fanático por rodeio há mais de 20 anos, proprietário da Agência PrimeComm
Fotos: Cedidas