Pular para o conteúdo

As mulheres no Team Roping

    mulheres team roping
    Aqui no Brasil, é um esporte 99% masculino, mas fora daqui, é comum ver muitas mulheres laçando. Inclusive, há categorias e campeonatos só para elas nos Estados Unidos

    Patricia e o marido Robledo Junior. Foto: Marilza Barros

    Com toda certeza, Patrícia Meirelles Junqueira Goulart, natural de Goiânia/GO, 40 anos, não fica devendo em nada aos homens ou jovens que laçam Team Roping. Sua paixão é o cavalo! Casada com o treinador Robledo Junior e mãe do pequeno laçador Robledo Neto, moradores de Nerópolis, também em Goiás, tocam o Centro de Treinamento 2RP, especializado em cavalos de Laço em Dupla.

    Mas não é só a convivência com o marido que a levou a se interessar pelo Laço. Ela conta que, praticamente, nasceu em cima do cavalo. “Meu pai criava cavalos Quarto de Milha e iniciei no hipismo quando tinha nove anos. Depois fui para os Três Tambores, até começar no Laço. Nunca fiquei sem ter contato com o esporte equestre”, conta ela. Sua atividade tem que ter cavalo, senão não tem graça.

    Acompanhar o marido nas provas, e também o filho, que já compete também, fazia parte da sua rotina. Mas, em 2014, resolveu começar a treinar para valer e tornou-se cabeceira. “O Laço em Dupla entrou na minha vida através do meu marido. Mas desde o final de 2014 resolvi laçar. Minha intenção, sempre, era participar das provas, já que eu ia mesmo com meu marido para acompanhá-lo.” Em 2016, ela se sentiu segura para fazer sua primeira inscrição em uma prova, acompanhada de Hollywood Gray RPC, seu cavalo, e não parou mais. Antes disso, tinha participado de uma prova teste na ABQM, em Avaré, que fez um Laço em Dupla Feminino em 2015.

    Inspirada na trajetória do marido e também das laçadoras mulheres que acompanha, Patrícia treina pesado. “Meus treinos são duros, o Robledo Jr cobra perfeição. Trabalho com ele no rancho, puxando cabeça para ele passar os potros de pé, os cavalos de técnica e para treinar ele próprio. Para que ele fique tinindo, o cabeceiro, que sou eu no caso (risos) tem que fazer a sua parte bem direitinho. Eu gosto dessa cobrança, pois ela exige melhoras.”

    A convivência em família é algo bem especial. Uma aliança, como ela diz, inquebrável, uma união inexplicável. Ela se sente mais forte e tranquila, pois estão sempre juntos. Como o marido é pezeiro, então da para formarem duplas nas competições. Isso já aconteceu três vezes: num Match Point no Milaré Ranch, em Nhandeara/SP, e em duas etapas do Campeonato CNTR, em Goiás. Mas como o filho também é cabeceiro, eles não tiveram oportunidade de estar em pista formando uma dupla.

    Antenada, Patrícia acompanha de perto as competições onde as mulheres arrebentam no Laço lá fora, nos Estados Unidos. Além de prestigiar as laçadoras, que como ela, curtem esse esporte, também aproveita para aprimorar seus conhecimentos e curtir esse tipo de evento que não é comum por aqui. No Brasil, todo mundo já ouviu falar da Ana Rosa, que laça também e dá baile nos homens em muitas provas. Patrícia se inspira um pouco nela, que não teve medo do preconceito de ter que provar que é boa e sempre seguiu em frente.

    Foto: Danyllo Resende

    Por falar em preconceito, será que Patrícia já sentiu algum? “Quando comecei a laçar nas provas, foi difícil para arrumar parceiros. Tinha preconceito, sim. Uns não queriam laçar comigo porque eu sou mulher e não acreditavam em mim, outros não queriam errar para mim, outros ainda tinham vergonha de estar laçando ao lado de uma mulher. Mas com o tempo, fui indo às provas e mostrando meu desempenho, ficou mais fácil. Começaram a me respeitar como laçador, e não me ver mais somente com uma mulher que parecia ter caído de paraquedas”.

    O Breakway, que é um tipo de Laço, se popularizou muito entre as mulheres do nosso país. Em pouco tempo, aumentou bastante o número de meninas que migraram para este esporte ou que o praticam em paralelo com outros.  Mas ainda não é algo que chame atenção de Patrícia. “Pode até ser que um dia eu lace nessa modalidade, mas trocar nunca!!!”

    Em pouco tempo como atleta de Team Roping, ela já soma títulos: Reservada Campeã Copa dos Campeões Laço em Dupla Feminino ABQM 2015; Campeã 1ª etapa Campeonato Goiano de Laço em Dupla 2017; Campeã incentivo Prova Águas do Vale Goianésia 2017; Campeã da soma 6 e campeã da soma 5 na 1ª etapa do Campeonato CNTR 2017; 2º e 5º lugar Prova Terra do Cowboy 2017. E aproveita para convidar a mulherada a juntar-se e ela nessa caminhada: “Meninas, não deixem barreiras atrapalharem seus sonhos. Não digo que é fácil, mas digo que vale a pena!!!”

    Por Luciana Omena
    Foto principal: Danyllo Resende

    Fonte: https://cavalus.com.br/modalidades/team-roping/tem-mulher-no-laco-em-dupla-tem-sim-senhor