Essa idade é um pouco complicada para potros, porque é aquela fase que ele não é mais potrinho, mas ainda não está ‘pronto’
Quando o cavalo completa um ano, dai para frente ele não é mais potrinho, mas ainda não vai ser montado. Então o que você pode fazer com esse potro para te ajudar na futura fase de treinamento. Não estamos falando em adiantar o processo, mas otimizar as coisas para facilitar quando chegar a hora de montá-lo.
Como é que esse potro pode se preparar um pouquinho mais, sem forçar, sem trabalhar demais, e já colocando alguns conceitos para ele se habituar? Uma primeira dica para potros de um ano e meio é levá-los todos os dias para manejo em um piquete mais longe, dessa forma conseguimos trabalhar distância.
No cabresto, o potro aprende a não atropelar, aprende a ser levado, ser conduzido. Nessa idade, o potro também já pode ter uma rotina de casqueamento. Na rotina também está incluso o banho, então deixamos ele um tempo amarrado para secar, comendo feno na redinha de feno. Outro momento que ele já pode ir se acostumando.
Na maior parte do tempo, o potro fica solto no piquete, pastando. Nessa idade, não dorme em cocheira. Passa seus dias como cavalo, solto, pastando e comendo grama o dia inteiro, e a ração, duas a três vezes por dia.
Potros, nessa idade, têm um monte de manias. Gostam de beliscar, morder, brincar. Qualquer coisa com a boca. É uma boa hora de começar o processo de educar esse potrinho em seu caminho para virar um cavalo pronto. Não posso deixá-lo comer o que quiser na hora que quiser quando tivemos ‘trabalhando’.
Uma forma de educá-los é colocar o cabresto, montar um cavalo com mais experiência e ir ao pasto dar estímulos. Passando os mesmos comandos quando você não quer que ele faça determinada coisa. Já dá para trabalhar nessa idade esse tipo de conceito.
Uma das coisas que eu gosto de fazer com os potros nessa idade é puxar pelo campo. Gosto de fazer um trabalho de sair, passear. Montado em um cavalo mais experiente, saio puxando o potro. Além de ir educando, também já ensinamos eles a seguir um outro cavalo como guia.
Gosto também de começar a apresentar alguns obstáculos a esses potros. Se no campo tiver um pneu ou toras de madeiras dispostos, você guia o potro até esses objetos e passeia perto para que ele desperte a curiosidade. Criando desafios para que o potro perceba tudo ao seu redor.
Vou criando esses desafios para que o cavalo consiga processar essas coisas enquanto é potrinho. Que a cabeça é mais aberta, que ele está mais aberto ao aprendizado. Não quero, por exemplo, que ele suba no pneu, mas posso deixá-lo brincar, dar a volta no pneu, cheirar. Com a tora, já podemos deixá-lo dar um pequeno passo por cima.
O principal dessa historia, na minha visão, são duas coisas. Primeiro, você estar montando em um cavalo experiente puxando o potro no cabresto. Com isso, pode fazer seu cavalo passar por situações para o potrinho imitá-lo.
Você estar montado em um cavalo que já sabe, principalmente, puxar outro cavalo, que não vai dar coice, que não vai ficar tenso, é essencial. A segunda coisa importante é não cansar o potrinho. O trabalho tem que ser curto e produtivo. Vou guiando o potro nesses obstáculos do pasto e ele vai aprendendo, relaxado. No meio do caminho ele pode querer morder o cabo, tudo bem; pode não imitar o outro cavalo; tudo bem. Paciência em tudo é essencial.
Seu potro precisa confiar nele mesmo, precisa ser um potro firme emocionalmente, seguro. E o cavalo velho ajuda. Podemos mudar o exercício e passar por um corredor, ou seja, um local que tem limite mais justo dos lados. Não é um trabalho de todo dia, mais é um trabalho que você pode fazer a cada dez dias, a cada quinze dias. Assim você vai dando a ele experiência e confiança.
Com paciência, se você tem acesso a um espaço aberto, tem esse laboratório natural, siga essas dicas. Quando for começar a domar a partir dos dois anos e meio de idade, ele terá passado por experiências positivas durante um bom período anterior. Por um ano, seu potro teve a cabeça ocupada fazendo coisas úteis para o aprendizado futuro dele como um cavalo pronto.
A ideia é fazer com que ele goste do pasto, do ambiente, que seja prazeroso ser trabalhado, se basear nos exemplos dos mais velhos e ter sempre uma situação positiva para ele. Eu garanto que na hora de domar, primeiro é só colocar a sela e montar, porque eles ficam super parceiros.
E segundo, que muita gente pode me perguntar – e perguntam sempre -, vai ficar bobo demais? Não, pelo contrário! Não estamos mimando o potro todo dia, mas sim ocupando-o com trabalhos saudáveis. Atividades úteis que você vai precisar no futuro.
Por Aluísio Marins
Médico Veterinário e reitor da UC, instruindo cavaleiros a mais de 20 anos
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